
Blossom of Pain (1898) - Edvard Munch
Grandes tragédias passam diariamente nos jornais, em notícias com chamadas muitas vezes alarmistas e também aquele influencer que exibe uma vida perfeita, a vida dos sonhos de muita gente, e que agora vivencia uma separação.
O espetáculo pode ser prejudicial quando se torna apenas um artifício para nos distrair do que realmente sentimos. Mesmo que seja um vídeo de 1 minuto.
Você também está cansado(a) de redes sociais?
Um tema velho que também compartilho por aqui. Passar horas sobrecarregada de emoções, a cada passada de dedo na tela, me dá uma perspectiva clara: minha ansiedade aumenta a cada minuto.
Por agora, abordo um tema que é um pouco romantizado para quem escreve:
A dor como performance.
Por muitas vezes, é genuíno, e o perigo, ao meu ver, é quando a dor é usada apenas para a venda e escritor se alimentar dessa dor, e não algo escrito para retratar experiências, refletir e até para o outro se identificar.
Como se grandes obras fossem escritas apenas quando se sangra, o que, na minha opinião, faz do processo de criação também não se curar por meio de palavras e sim sangrar em meio a elas.
Criar não deveria ser apenas criar?
É um hábito que deveria fazer parte do nosso dia a dia como seres humanos, mas que me trouxe já reflexões em um mundo acelerado.
E, ao passar para este lado, escrever sobre dor, angústias e a jornada que não se vê maquiada é um alívio, pois não é bom saber que um escritor não escreve apenas pensando em números?
É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante.
Pensar além dos números tem me dado fôlego, mas que não seja algo a ser feito apenas como expressão, e pode ter sido assim nas edições anteriores, mas que nunca saiu de mão a autenticidade e diálogo.
Eu mesma já escrevi muito sobre dor, que também foi um processo de cura, mas que tomei cuidado para não alimentar ainda mais disso. Tirar lágrimas dos olhos e enxergar mais com um emocional mais “estabilizado”, pelo menos por um tempo, já que a vida não é uma linha reta.
Há pessoas que não estão nem aí se você está pior que elas, elas querem se sentir melhores.
Nem todos têm coragem de sentir dor.
No estoicismo, a dor é inevitável, mas o sofrimento é uma escolha. Sabemos que é algo natural, mas que evitamos, e até sem perceber, somos engolidos por ela.
Quanto mais um escritor alimenta esse sofrimento, mais ele acha que está escrevendo a melhor obra de sua vida — e pode até ser, mas não pise nos cacos que jogou no chão.
Que a gente siga escrevendo, sentindo e criando sem precisar sangrar o tempo inteiro.
Que a palavra seja abrigo, e não palco. E que possamos tocar, mesmo sem performar.
Até 🩵
Deixe-se atravessar por versos que escorrem como mel sobre a pele da alma.
Entre o amor que arde e a dor que pulsa suave, cada página transborda a doçura líquida de existir sentindo. Te convido a ler Colmeia Hídrica.