- } by Mariana Grava
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ghosting

Estava escurecendo em meio a neblina que cobria ao meu redor. Havia pequenas almas transparentes que desciam comigo e desapareciam como fumaça.
Estreitava meus olhos que já não enxergavam muito, e tinha pequenas gotas de carvalho que caiam no meu rosto se misturando com minhas lágrimas.
Olhei pro lado e senti uma pequena vibração. Era um som que tocava forte, e a cada batida me arrepiava e chacoalhava meu cérebro.
TUM, TUM, TUM.
E se misturava ao som do relógio: TIC, TAC, TIC, TAC. TIC..
Olhei pra frente de novo e me veio a imagem estar só, mas não morta. Não como as almas em minha volta.
Eu queria tocar, sentir o vento, olhar e sentir o calor do sol. E não sentia. Não sentia, NADA.
E de novo o barulho veio mais forte, como onda que me derrubava, e o sol que dissecava. Pele seca. Sim alto, mas não surda ou cega.
Fantasmas me rondavam a desprezo do meu melhor. Definhando aos poucos agora me sentindo - sentindo - uma pedra jogada ao fundo do lago.
Um sabor indigerível se há mesmo paladar. Um doce amargo que provaria aos poucos até aceitar que não é mais um doce. Um fantasma que se alimenta do ego e do querer ser valorizado sem valorizar, um jogo de poder que ninguém ganha nada, e todos se dissolvem na carne humana que não parece mais carne e sim o próprio objeto de se encher furado.
Eu saio de natureza morta.
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