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Luar

Era luar, tão puro o ar, para a gente se encontrar.
E lá estava eu nervosa, sem jeito. Ela parecia tão real, a ver me fazia meu coração bater mais forte. Me despertava sensações boas. Eu era só uma simples garota.
Mas teve algo que me despertou. Era tipo um luar, sem parar.
— Próximo, por favor! - Chamou a atendente.
— Sou eu - sorri meio envergonhada e me lembrando que estava numa cafeteria.
Pedi meu café que logo veio. Uma mistura de sensações e aroma. Uma manhã completa…
Sentei na mesa ao lado perto dela, tentando disfarçar um pouco meu olhar ao dela, que parecia um pouco longe e concentrado lendo o seu livro.
A cada página virava delicadamente, fazendo seu olho brilhar ao querer saber mais sobre a história. Uma sensação de satisfação e curiosidade.
Seus lábios se mexiam devagar como se estivessem lendo bem baixinho, me fazendo querer beijá-los
Meu café esfriou. Puta merda.
Quando percebi já tinham se passado alguns minutos.
Resolvi então tomar coragem e falar com ela, eu estava parecendo mesmo aqueles caras de filme que ficavam “secando” meninas sem fazer nada.
Uma garota só precisa olhar para outra garota de vez em quando. E quando os olhares se encontrarem...
SE ENCONTRARAM.
Congelei.
Me deu um frio na barriga na hora. Ela sorriu para mim. Acenei para ela e ela me chamou para sentarmos juntas.
Sentei na cadeira vazia à sua frente com meu café frio. Ela perguntou como iam às coisas, e eu disse que estavam bem corridas, uma loucura.
— Aqui normalmente é bem cheio, e hoje parece bem tranquilo. O que você vai fazer depois? - Perguntei sem muitas expectativas.
— Eu, na verdade estava indo para a minha casa de praia. Eu vou dar uma passada lá para conferir e está tudo em ordem lá. Quer vir comigo?
— Claro, vamos sim - Respondi logo um pouco surpresa.
Pegamos nossas coisas e fomos para o carro dela. De lá para a casa que há alguns quilômetros fomos conversando sobre a vida, de como parecia mais simples e fácil antes.
Chegamos lá, um lugar simples. Cheiro de mar, de ar puro da janela meio aberta.
— Sabe, como aluguei recentemente, sempre venho conferir se está tudo ok para os próximos hóspedes. Só que dessa vez vou ficar uns dias. Amo o mar— Disse ela suspirando olhando a praia pela sacada.
Me aproximei e comecei também a ver a paisagem. Estava quase escurecendo. O mar era hipnotizante, assim como o céu à tarde.
— Vamos lá?
— Lá onde?
— No mar, na praia!
Eu concordei com a cabeça com um sim. E mesmo não tendo roupa nenhuma de praia, saímos às pressas como loucas perto do fim do mundo querendo aproveitar cada segundo.
Ela estava correndo na minha frente e de repente do nada parou e virou para mim. Eu correndo não consegui parar a tempo me fazendo encostar meu corpo próximo ao dela e seus lábios próximos aos meus. Me fazendo arder.
Ela sorriu pra mim e:
“BEEEEP BEEEEP BEEEEP”
Nossa que broxante, que som é esse, eu coloquei o alarme para despertar? E pareceu mesmo tão real. Tão fluído que era os acontecimentos como se fosse tudo simples. Era o sinal que mais uma tempestade vinha.
Levantei do chão e a lua cheia que iluminava entre partes do céu escurecido pela neblina ainda de cobre com a escolha de me escolher. Quando vejo, o tempo já se diluiu e já não se chamava mais de tempo, mas de doce solidão, novamente.
Dentre luas que me lembro da terra que vivi uns anos atrás, sair da Casa 3 me fez ver várias como se estivesse em Júpiter. Luas imperfeitas e ao mesmo tempo perfeitas atraídas em volta de um planeta onde não tem onde pisar.
E o sonho lembrava mais uma lua que movia águas. Ainda chegarei em rios que levam a imensidão de águas, que leva ao mar e o amar. Mas sem ela é…
como se não existisse o
amanhã
É tudo hoje, pra agora a sensação do bem
estar, como se se o presente fosse o
suficiente, mas não é.
Dentre vários
pensamentos, o presente está inserido no
contexto do agora
que talvez não faça sentido
depois.
E isso pode ser triste.
Até quando poderei caminhar? Nem a porra de uma câmera existe mais. Não lembro qual foi a última vez que tirei foto em uma. E realmente se os olhos tirassem fotos. E as fotos virassem uma janela que há vida lá dentro sem uma porta de saída.
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