Ouvir música dá sentido a vida para mim. Ir a shows, o impacto, a energia, felicidade de sentir a mesma vibração compartilhada, um sentimento de comunidade com pessoas desconhecidas e conhecidas com o mesmo objetivo.
Lembro quando vi um vídeo em VHS do meu aniversário quando criança, e o editor na época colocou uma música de ópera do CD Solaris e isso me marcou muito depois de lembrar que realmente pareceu estar em um tipo de frenesi.
O som já de ópera pode ser poderoso, delicado, de momentos e histórias que completam. E com a adição da música em cenas de filmes antigos, que não são apenas musicais ou de desenhos mais antigos que tinham maior relevância para a história e não só a música de fundo.
Com música consigo esquecer lógica, ambiente maçante, pensamentos intrusos e ansiedade que me cobrem de preocupações inúteis.
Em épocas específicas ouço muitas horas de música por dia sem ligar apenas para a letra, mas também para o ritmo, faz me sentir conectada com o presente e sentimentos.
Escrever com música também me traz de volta a paz anterior no meio de rotinas tão caóticas, de exigências da vida, do trabalho e de si mesma.
Nos meses mais intensos, frustrantes, de dor, auto descoberta, aprendizado ouvi no total 18.267 minutos em 3 meses seguidos, são em média 3 horas e 40 minutos por dia, sem contar setlists no Youtube, sem contar com shows.
E não me arrependo.
Volto, sigo, descubro novos artistas, novos gêneros, novos jeitos de sentir puramente sem ser uma dose anestésica.
E se parecer muita dopamina no dia, o que tem? Por que excluir a produção de dopamina se podemos dosar ela de uma forma saudável? E ainda produzir, trabalhar ouvindo música, melhor coisa aos meus ouvidos.
Vejo que nunca te disse como escuto música - apoio de leve a mão na eletrola e a mão vibra espraiando ondas pelo corpo todo: assim ouço a eletricidade da vibração, substrato último no domínio da realidade, e o mundo treme nas minhas mãos.