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Sem chaves
Primeiro um pé, depois o outro calmamente. Sente o vento e não se incomoda com o barulho dos carros lá em baixo.
As pessoas não costumam olhar muito para o céu. Lá em cima, ela se sente bem. Mas não se importa, o que lhe interessa mesmo é andar um pé atrás do outro na beirada do último andar do seu prédio.
Como se estivesse andando em uma corda bamba, mas sem rede para amortecer sua queda.
Sem ligações de entes queridos, sem mensagens no celular, sem e-mails engraçados e palavras aconchegantes.
“Eu sei que é difícil, mas… desculpe. Exis… existe outra pessoa…”. Seus olhos se fecharam, não queria lembrar, queria que isso fosse de outra forma e com outras palavras. Acordada, se virou de lado na cama e cobriu-se inteiramente com o cobertor com olhos cheios de lágrimas e adormeceu.
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