- by Mariana Grava
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Fora da gravidade iminente

Sonhei de novo.
Como outras vezes com o que aconteceu na terra. Era o único lugar de lá que não havia poeira, queima da Amazônia que fez o clima ficar insuportável, sem mobilidade e água. Era nosso lugar, pouco habitável e de difícil acesso, auroras realmente regulares, como deviam ser.
Memórias são tão falhas...
Sabe, parece que me "esqueci" muito da gente, errei no esquecimento merda temporário. Preciso sobreviver,
Às vezes esqueço de arriscar;
Às vezes esqueço de querer alcançar galáxias com as mãos;
Às vezes esqueço de dormir;
Às vezes esqueço que estava dormindo, mas só estava mesmo me mantendo são;
Às vezes esqueço;
Sempre às vezes;
Porque nem sempre eu esqueço
Porque isso é para sempre.
Olhei para o céu e via a segunda lua que estava chegando perto da terra, talvez pela irregularidade da gravidade. Quem eram aqueles seres, se podia chamar assim. E ninguém sabia o que eram, mas estou vivo. Havia alguma coisa muita errada. Tinham rastros de poeira como caminhos de um foguete, mas lento.
Volto a olhar para baixo e vejo que tenho calçados, roupas e... máscara? Não tenho máscara, como... respiro?
Encho meus pulmões de ar e tusso ao sentir o ar pesado e metálico. Eu não estava mesmo na terra, mas era adaptável o suficiente.
Aqui não tem música;
Um vazio e silencioso como um vácuo que te puxa sem muito ar.
Eu só consigo pensar no ar que parece metálico que às vezes tampa mais o horizonte a minha frente, onde via caminho e vinha o caminho até mim. Cobre, talvez?
Me abriguei em um lugar parecido com cavernas na terra. Não tinha muito "vento". Sem meu peito congelar pelas frias tempestades que me cobriam pelas partículas da porcaria de poeiras metálicas. Aqui pelo menos não tinham
Gotas caíam de vagar sob
estruturas afiadas que iam cair
por não terem uma forma exata
e linear.
Afiando-as
aos poucos, em anos, na escuridão
em que nenhuma vida poderia
sobreviver por muito tempo.
Não enquanto
há tempo.
. . . . . Enquanto
alguns tiram
partes encostáveis
dos pontos
que machucariam, outras deixariam o
tempo quebrá-las.
Aqui o sol era menos quente, que apesar de ver um pouco do céu escuro e empoeirado, a lua e seus rastros ainda é confundido pelo claro da lua.
Isso não daria pra explicar, impossível, que mesmo o céu escuro presente, noites são dias, e não se precisa dessas noites nem dia, talvez toda noite seja dia.
/acesso a memória
Amo quando acordo
com o calor do seu
corpo ao meu
Num dia frio
e chuvoso.
Você de moletom largo
Que esconde a nudez
Que me faz querer
Sentir sua pele
macia por baixo
Com meus
toques
suaves.
E você sorri
com prazer
Vindo a mim
com mais vontade
com beijos
e abraços.
/fechar acesso
A gravidade de noite me fez flutuar como sonhos, e então não dormi no chão coberta por mais poeiras metálicas no escuro.
Pois no silêncio deste outro mundo uma música passa pela minha mente como tivesse ouvidos atentos ao que realmente importa.
Me vejo então em lágrimas das batidas dos sonhos, que na verdade era sons que acompanhavam as batidas do meu coração quando já não percebia que tinha um.
Entre sentir, na respiração ofegante, acordo de um mergulho que não sei se era de poça ou de um lago sujo.
E e na noite que reconheço meus desenhos mentais do fluir. Ouço um rio distante que me faz levantar da poeira e querer encontrar vida ao mergulhar em um mar de sentimentos.
Era noite todo dia, e a lua deste lado continuava crescente.
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