- } by Mariana Grava
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Casa 3

Entre a casa 2 e 4, mas a 4 ainda não estava construída. Era a seguinte. Cheguei depois de uma tempestade de areia, saí de um luto adormecido de mim mesmo.
Anos de repressão se passaram, e eu nem percebi. Na nave antes de chegar a checar os dados da minha vida, uma tempestade vinha. E de areia em terreno nada concreto.
E cá estou eu na Casa número 3, dentre outras que vivi e sobrevivi essa foi a terceira, a que enxergo diferente, como a primeira e a segunda. Como um espiral feito de balões que seguem em sua forma nada retas e lineares como lógica criada e certa para se seguir.
Já não tinha meu amigo Dogg, velho cão lindo e preto, simpático e risonho, mas atento a seres estranhos que passavam às vezes pelas nossas casas. Se passavam realmente, pois não existia muita vida e carne, quem dirá ossos e sangue.
Nesta casa não tinha tempestades de areia, mas fiquei não sei mais quantas tempestades solares. O sol era visto em épocas de ventos fortes e neblinas condensadas em cobre.
E hoje finalmente saí e vi o número da Casa, a Casa 3. Minha viagem dentre outras que já vi como a Aurora Irregular na Casa 1 nem era nada comparado a Casa 3, que se organiza na vizinhança feita há um tempo para quem quer abrigo temporário. Um viajante igual eu, talvez.
Meu carregamento da minha aura estava em 100%. Ufa, finalmente! Ficar como um urso hibernando por tanto tempo em uma casa é assustador. E essa era minha hora de sair.
Foi então que vi que meu braço esquerdo estava empoeirado e minhas pernas sem força para sair do lugar. Olhei para trás e a casa se transformava de novo em outra, em outra, e em outra.
Tantas vezes que eu nem sei mais distinguir a porta de entrada que virou só de saída. Pedaços de mim entre cômodos bem incômodos me assombravam entre janelas também quebradas pela força gravitacional a fora.
E então.
Mais uma vez segui, em busca de suprimentos, fuga de tempestades que embasam minha visão e talvez uma vizinhança que esteja viva. Foi quando avistei ela…
Parecia mesmo estar viva, mesmo depois de ter ficado cego ao vê-la sumir, e lembrei que estava comigo ao sentir também uma energia que não vinha só de mim. O carregamento 100% era mais que pertencia naquela fonte da Casa 3.
Não soube distinguir se estava a vendo mesmo, o que era humano ou simples bloqueio da minha conexão. Era Luar…
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